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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

METENDO FORTE NA NINFETINHA

Há 10 anos euro substituía moedas locais; confira trajetória

Em circulação há 10 ano, euro passa por crise
Há dez anos a União Europeia concretizava a ideia da criação de uma moeda comum no bloco, quando em primeiro de janeiro de 2002 12 países (Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Espanha e Grécia) substituíram suas moedas locais para introduzir o euro. Em dois meses já não havia mais em circulação o marco alemão, o franco belga ou francês ou a lira italiana, apenas as cerca de 14,8 milhões de notas do euro impressas em um primeiro momento. Na ocasião, Dinamarca, Suécia e Reino Unido (que até hoje permanece utilizando a libra) não aceitaram a união monetária. A moeda europeia já vinha sendo testada, desde 1999, nos mesmos países, com exceção da Grécia, no entanto, usada apenas para tipos específicos de pagamentos, como os eletrônicos. Mas, para se chegar à união monetária foi necessário um longo processo anterior à impressão dos euros. Os primeiros passos foram dados na década de 1970, quando, após os EUA abolirem a relação fixa entre o dólar e o euro que predominou após a Segunda Guerra Mundial, os seis Estados membros implementaram o Sistema Monetário Europeu (SMU), criando a moeda de referência ECU (Unidade de Conta Europeia, na sigla em inglês) à qual todas as moedas locais deveriam estariam ligadas com uma margem de flutuação de 2,25%. Porém, com um certo fracasso do SMU em 1992, quando a lira italiana e a libra esterlina abandonaram a relação com o ECU e as margens de relação foram alargadas para 15%, os países organizaram a União Econômica e Monetária (UEM), que já tivera início em 1990 e compreenderia três etapas até culminar com a criação do euro como moeda comum no bloco. Foram definidas exigências para cada Estado fazer parte da zona do euro, como o controle da inflação, das taxas de juros de longo prazo, dos déficits públicos (que deveria ser inferior a 3% do Produto Interno Bruto), da dívida pública (que deveria ser inferior a 60% do Produto Interno Bruto) e do câmbio. Além disso, houve também a criação do Banco Central Europeu (BCE), que se tornaria responsável por toda a política monetária e cambial dos países do bloco.A união monetária é apenas um aspecto do plano pensado pelos países europeus em 1951, quando foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca). Segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Giuliano Contento de Oliveira, os projetos de criação de um bloco europeu almejavam uma integração total, não apenas econômica, com o objetivo de selar a paz na região, que registrara conflitos internos na primeira metade do século XX. Contudo, os maiores avanços foram dados exatamente em relação à unificação econômica, sem que a área política tivesse a mesma atenção. "A união na Europa é bastante peculiar porque a união monetária precedeu a unificação politica. Foi uma espécie de integração pela metade. Unificou a moeda, mas não o Estado, no sentido de condição fiscal", afirmou o professor.No entanto, a União Europeia, sobretudo os países líderes, mais especificamente a Alemanha, teve grandes benefícios com a criação do euro. Apesar das desigualdades verificadas entre os países, a unificação contribuiu para um crescimento dos membros de uma forma geral. "Houve redução das assimetrias econômicas entre os países, que registraram aumento da renda per capita e ingresso importante de investimento estrangeiro, boa parte alemão. Isso contribuiu para o crescimento econômico e redução das suas desigualdades", afirmou Contento.A Alemanha foi a maior beneficiada, exatamente porque já tinha a economia mais forte entre as nações e teve oportunidade de ampliar seu mercado de exportação para Estados sem condições de competir.Porém, o preço da união monetária aos membros do bloco foi o de perder importantes instrumentos governamentais que auxiliam em tempos de crise, relacionados às políticas monetária e cambial, que ficaram sob responsabilidade do BCE, como, por exemplo, a desvalorização da moeda para auxiliar as empresas exportadoras do país, ou ainda a alteração da taxa básica de juros."Esse sistema acaba sendo muito contraditório, ele gera uma perda substancial da capacidade das economias de realizarem políticas econômicas anticíclicas, o que sobra são medidas deflacionárias, que tem um custo social muito grande", lembrou o professor, referindo-se às medidas de corte de gastos fiscais e orçamentários, que nações europeias em crise tomaram recentemente, como a única opção que tinham para combater a crise de dívida.Crise
A crise atual é resultado também desse modelo de unificação parcial apontado por Contento. A situação em que alguns países se viram logo após a unificação monetária era de contar com o euro, uma moeda forte, dentro de um país sem as bases necessárias. Isso ficou mais evidente durante a crise em que o euro teve diferentes custos de acordo com os países, ou seja, o mercado precificou que o euro da Grécia é diferente que o da Alemanha.O professor acredita que a saída mais saudável seja a de a Alemanha assumir o papel de líder regional, após anos de benefícios com o bloco, auxiliando as nações mais deficitárias, e, de certa forma, "arcando" com os prejuízos. Ou seja, comprando mais, exportando menos e emprestando recursos, com o objetivo de minimizar o ônus social. O fim da união monetária, ou a saída de alguns países da zona do euro, solução que, embora tenha pouca força política, chegou a ser cogitada mais recentemente, após Mario Draghi assumir a presidência do BCE, seria assumir o fracasso da unificação e levaria o euro a uma grande desvalorização, gerando mais dificuldades aos países do bloco e suscitando novas deserções.
DESCRIÇÃO-AQUI.